quinta-feira, setembro 27, 2007

Parte do particípio

Era um amor de verão, contudo na estação errada, o que não o fazia menos ensolarado. Mais sério que um flerte e menos tradicional que bodas de prata, era o que se pode chamar de rara obra do destino.
Ele dá asas e ar aos pensamentos dela, cada palavra conduz a uma atmosfera única, só vista e vivida pelos amantes.
Não só a mente mas o corpo responde e corresponde à suas palavras, com um resfriamento interno externado por um leve estremecer.
Os pensamentos voavam, algumas vezes pairando sobre calmas águas, outras, incorporando furacões, eram novos e velhos, fundiam-se. Todas as sensações advinham das lembranças dele, das palavras dele, do seu gosto.
Tudo nela era dele, seus sorrisos, seus pensamentos, toda a sua inspiração. Tudo nele, ela cria, era para ela também, sua poesia, seu cheiro, suas canções. Cada raio de sol do entardecer, vindo à Terra sem dono, era capturado por ela para servir de presente a ele, cada abismo minimamente moldado pela natureza ou construído por multidões de palavras era um marco, um ponto, um precipício de onde ela desejava se jogar.

4 comentários:

l. p. disse...

"Mais sério que um flerte e menos tradicional que bodas de prata..."

Que bom que é assim que cê trata sua escrita.

Miguel Marvilla disse...

E não é, Lucas, que essa menina tá com um texto que dá vontade de reler um monte? Aliás, dos que tenho visto, ela, vc e a Jô tão formando um timaço de poesia... Daqui a pouco não dará mais para ignorar vcs. Mas atenção: isso não é o topo da montanha. Mesmo porque, quando se chega ao topo da montanha, é preciso continuar subindo.

l. p. disse...

Opa, descobriu o leminskata...

Tá lá, verde-novo.

Anônimo disse...

Íxi... O topo deve ser tão solitário... Quero não, hehe.