quarta-feira, janeiro 30, 2008

Luiza

Eu precisava dizer as coisas certas, não necessariamente palavras belas, mas algo que prendesse a atenção de Luiza. Era definitivamente impossível vê-la e não tramar um plano de aproximação, simplesmente vê-la e ter que dizer aos meus olhos que eles teriam de se conformar com a possível hipótese de que seria impossível diminuir aqueles três metros de distância.
Mal eu comecei a pensar e a vida se encarregou de dar-me uma colher de chá. A Fê acenou para o Garcia, convidando-o para sentar-se com elas, o que implicava em me convidar também, já que éramos só ele e eu em nossa mesa.
Uma chance incrível de esbaldar-me da presença dela, de deliciar-me em observá-la. Mais um presente se deu: a cadeira designada a mim era de frente pra ela. Luiza falava pouco, e exibia alguns gestos com freqüência, como mexer nos cabelos.
Um pouco de tudo foi falado ali, de política à marca de xampu. E foi assim, catando as palavras que saiam dos lábios dela é que fui me tornando graduado em Luiza.
Pensei em mil formas de estender aquele momento, mas as horas voaram e eu precisava de um meio de não deixa-la ir, de vê-la novamente e breve, mas as idéias pegaram cada uma o seu barril e jogaram-se cataratas a baixo na minha mente. Precisei arriscar um “clichê” e torcer para que ela desse crédito. Já no fim da festa escrevi meu telefone e nome em um guardanapo e pedi pra que me ligasse. Passei por baixo da mesa enquanto a Fê e o Garcia discutiam futebol. Ela pegou. Meu coração disparou, o que era de se esperar, mas eu mantive a linha, como se nada daquilo fosse anormal pra mim. Entrei na conversa do Garcia pra ver se disfarçava melhor e ela devolveu-me o bilhete pelo mesmo caminho, com o seguinte recado: Ligue você pra mim, xxxx-xxxx.


Trecho de: Dinamite e Mel
Janeiro 2008

9 comentários:

Duda Bandit disse...

eu já tive dessas ousadias e arrisquei clichês inomináveis... (bem, se um clichê é inominável ele deixa de ser clichê?)

elegante, baby... bem elegante.

bjs.

Josely Bittencourt disse...

Hummm q legal, trecho a trecho. Sabe q estou gostando do formato episódio. Além, é claro, de seus apetrechos narrativos. Episódios articulados para o leitor ansioso... hein dona Pocahontas, danadinha!

bJÔ

Hanne Mendes disse...

Ah, Duda, eu realmente não sei responder!

Grande beijo

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Pois é, trecho a trecho, e o que há entre esses trechos ainda é de acesso restrito!

BeiJô

Mésmero disse...

Gostei também!

Uma dica não use tantos advébios terminados em "mente".

beijinabochecha

Hanne Mendes disse...

Tudo depende "exatamente" daquilo que se quer dizer...

Beijo.

O Profeta disse...

Os pesares dividem as marés
A idade do ouro ainda tarda
Os anos passam como gotas varridas
Por um tempo que retrata o nada


Convido-te a saborear um absinto no meu espaço
pela Taça de Fino Ouro



Mágico beijo

Anônimo disse...

ficou muito lindo o teu blog, já gostava das letras, agora então...
saudações que lancinam, bjos, Adri

www.poetisalancinante.blogger.com.br

Josely Bittencourt disse...

Ei Pocahontas, parabéns! Muito ânimo nessa nova fase!

grande beiJÔ

Hanne Mendes disse...

Obrigada, Jô.
Tô contando com o ânimo e com você também, viu? Essa sua estantezinha que me aguarde!

BeiJô