quarta-feira, janeiro 16, 2008

Descaminhos

"Nessa guerra, eu, docemente atacado por fêmeas únicas e lindas,
vivi na iminência de ser desmascarado pelas duas,
por assim dizer, 'mulheres da minha vida.”
Saulo Ribeiro
Não que segunda-feira fosse o melhor dia do mundo para refletir, mas depois dos agitados domingos eu sempre acordava com alma de réu em meu próprio tribunal.
Domingo era dia das duas, e os outros dias eram delas também, como tudo mais que eu tinha. E eu que achei ter demais, algumas vezes não tinha mais nada, a começar pelo fôlego.
A primeira, não que seja esta a ordem, era além de complicada e implicante, linda. No alto de seus saltos altos e batons e olhares intrigantes ela conseguia tirar qualquer pessoa do sério. Não diria só esperta, diria perspicaz, isso é o que ela era, e eu não resistia àquele perfume inconfundível de mulher. Eu já estava desacostumado a conviver com essa espécie, intrigante, possessiva, poderosa. Não havia quem não olhasse quando ela passava. Passos firmes, como suas opiniões. Contudo o mais intrigante é a simplicidade e compreensão que se escondiam sob aquela roupa vermelha de Mulher Maravilha.
Quanto à segunda, não sei se digo ser o oposto ou o complemento da outra. Era serena e tinha um sorriso lindo, parecia ter um pedacinho de arco-íris por dentro e tudo ficava colorido quando eu estava ao lado dela. Era a companhia perfeita para as coisas simples da vida, cinema, piquenique e pipoca. E como não me derreter quando ela apertava aqueles olhinhos azuis rindo de mim? E como não emudecer ao descobrir que existia uma mulher incrível por trás daquele rostinho de menina?
Sim, entre a cruz e a espada, ou melhor, entre o paraíso e o Éden. Eu poderia me sentir abençoado, pois qualquer que fosse a escolha, eu estaria ganhando uma grande mulher, porém isso implicava também em perder uma delas. E o meio termo, o meu precioso meio termo, era uma realidade em iminência de queda.
Trecho de " Dinamite e Mel"
Janeiro de 2008

17 comentários:

l. p. disse...

O que é isso?

Hanne Mendes disse...

Não sei se entendi a pergunta, mas se entendi, "isso" é um trecho de um conto meu, Dinamite e Mel.
rs
Beijos, Lucas

Josely Bittencourt disse...

Menina Pocahontas, q pecado colocar só um trecho!
Quer matar o leitor de curiosidade?!

Ah não, Quero a continuidade, ISSO é muito mais!

Mocinha, o q ñ te aguarda, isso sim é o q me pergunto...
Pois, tou na espera da continuidade sua sacana!

Beijôs

l. p. disse...

Pois é, fico com a Josely.

Vim aqui quente pra arrumar um objeto pra analisar no www.azulejosassassinos.blogspot.com e acho um trecho? tsk tsk tsk

Saulo Ribeiro disse...

eu adoro doses... quero mais doses de descaminho, mas penso de forma homeopática isso.

no mais, lembra coisa que dói... (que bom).

beijo.

Unknown disse...

É Hanne...
Venhamos e convenhamos...rsrs.. q ficamos curiosos...ahauhaua...
+ amei como sempre...
+ quero ler o resto,tá?!
Bjo! Te amo..
Sua fã n°1.

Hanne Mendes disse...

Aos curiosos: Vocês vão ler mais, só não sei quando, porque ainda não tá pronto o conto.
Beijo.
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Saulo: Masoquista, agora?
rs
Beijo, querido.

Mayara Nogueira disse...

O velho triângulo amoroso. Este, não machadiano - mais clássico ainda! Adoro triângulos, mas prefiro os desfechos. Quando pronto, mande-me! Terei enorme prazer em ler! Quando terminar a peça, também envio à você, combinado? rs


Beijos, cherrie!

Hanne Mendes disse...

May: Combinado, então.
Quero mesmo ler a peça.
Beijo.

Duda Bandit disse...

é mentira, Mayara... A Hanne não vai ler. Ela está com a minha peça há 15 dias e não leu... eu até rasguei e fiz outra nesse tempo.

Hanne Mendes disse...

Eu li sim, rapaz!
Tá certo, eu demorei um pouquinho, e nem posso dizer que foi por causa do meu trabalho e da faculdade e das crianças, essas coisas, mas, se servir, digo que demorei por causa da minha vida agitada!
A peça é muito boa, não poderia ter ser de outra pessoa.
Bjs.

Miguel Marvilla disse...

Caraca, honey! Fiquei enrolando, enrolando, pra vir aqui e o que encontro? Uma contista de primeira mostrando as unhas. Não é à toa que minhas fichas estão todas em vc. Estou encantado com a surpresa. Larga logo tudo o que tem de fazer (igreja, arrumação da oca, namorados...), senta aí nessa cadeira e termina esse conto. Se bem que o que está posto aqui já está completo. Quem precisa de finais? Melhor, às vezes, deixar como está, para que cada um dê ao que lê o destino que desejar. Veja bem: a situação já está colocada: um triângulo amoroso (aliás, a sua voz masculina está perfeita, no tom exato). O que pode haver além disso, talvez seja interessante deixar ao leitor imaginar. Afinal, as descrições estão límpidas, claras, belas: "acordava com alma de réu em meu próprio tribunal"; "as coisas simples da vida: cinema, piquenique, pipoca": maravilha! Adoro quem domina a escrita dessa forma, dizendo muito com pouco... Aquele curso de Letras que se prepare.

De todo jeito, quero mais. Desse ou de outro...

Beijos.

• • •

PS: Só não gostei da frase "conseguia tirar qualquer pessoa do sério". Não é nenhum crime, mas é banal e qualquer poetinha de boteco já usou. Vc está muito acima da banalidade. Dá para refazer?

Hanne Mendes disse...

Ah, obrigada, Miguel!
Gosto muito de escrever com eu lírico masculino, principalmente porque, assim como vocês, entendo pouco das mulheres, com a vantagem de conhecer o outro lado da Hanne de tpm!
Sobre a frase, realmente desgastada pelo uso, tente pensar que o cara não conseguia medir nem pensamentos, quanto mais palavras diante de daquela mulher ou diante da lembrança dela. Mas enquanto o conto não estiver pronto, tudo pode mudar.
beijo.

Jorge Elias Neto disse...

Hanne,

Como leitor, considero que o texto está terminado - assim inacabado.
Deixe que o leitor coma o melado e exploda.


Um abraço,

JEN

Cin disse...

Olá,
Vim agradecer a visita e conhecer o seu blog.
Gostei muito do trecho do conto, leitura envolvente e coincidentemente me fez lembrar uma conversa que tive ainda ontem com uma amiga, onde nos interrogávamos se pode ser possível uma pessoa amar de verdade outras duas...
Bom, fiquei curiosa pelo desfecho. Vou voltar.
Bjs e ótima semana!

Hanne Mendes disse...

Ah, Cin, é uma pena eu não poder ajudar no assunto, tenho a mesma dúvida.
O que sabemos é que uma pessoa pode amar outras tantas ao mesmo tempo, porém com formas diferentes de amor.
Contudo,quanto ao amor do "tipo" Homem-Mulher (ou algo que o valha), prossigo sem saber...
Abraço.

Mésmero disse...

Well, não sou o melhor pra falar sobre finais porque tenho dois contos que comecei e não aceito que eles não tenham uma conclusão e, por isso, fico com eles na cabeça sem saber o que fazer.

Mas já li tantos contos e até mesmo romances sem conclusões que acho que devo parar de pensar desse modo.


Gostei desse "final" até porque já vivi algo parecido (acho que todos, né?).